ACUPUNTURA E MEMÓRIA
BRASÍLIA - Trabalho desenvolvido pelos estudantes Fernando Kawano e Márcio Makoto Nishida, do quinto ano de medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mostra que ratos submetidos à aplicação de acupuntura nos pontos E-36 (Zusanli) e BP-6 (Sanyinjiao) tiveram a memória potencializada, mesmo depois de submetidos a estresse por choque e imobilização."A acupuntura foi eficaz em avaliações realizadas logo após a experiência e até uma semana depois", comenta Angela Tabosa, professora do Setor de Medicina Chinesa da disciplina de Ortopedia e Traumatologia da universidade, e orientadora da pesquisa. O estudo, que foi apresentado no 11º Congresso de Iniciação Científica da Unifesp, analisou os índices de fugas bem-sucedidas em animais de laboratório.
"A idéia agora é analisar os efeitos das agulhas na memória e no aprendizado de seres humanos", afirma Angela Tabosa.
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Segundo ela, já está em andamento a criação de um protocolo de pesquisa com essa finalidade, que será realizada na Unifesp.
Fonte: Agência Estado.
ACUPUNTURA É ENERGIA PURA?
Originária da China, a acupuntura é uma terapia que se caracteriza pela inserção de agulhas no corpo, para tratar doenças e promover a saúde. É reconhecida desde 1995 pelo Conselho Federal de Medicina.
Além de importante terapia complementar contra várias doenças, a acupuntura conquistou também espaço na medicina estética. As agulhas estão sendo usadas para tratar acne, rugas, manchas e problemas mais complexos como celulite, estrias e flacidez. "Além de suavizar as linhas de expressão, a acupuntura também ajuda a harmonizar todo o organismo".
COMO FUNCIONA?
A agulha estimula terminações nervosas, desencadeando vários efeitos: analgésico, anti-inflamatório e relaxante muscular; modula as emoções, os sistemas endócrino e imunológico e age sobre várias outras funções orgânicas.
O QUE TRATA?
Beneficia a atenção, aprendizagem, memória, sono, humor, ansiedade. Modula a dor e reduz o stress. Trata doenças neurológicas, psiquiátricas, ortopédicas, reumatológicas, entre outras. A Organização Mundial de Saúde (OMS) organizou uma extensa lista de doenças tratáveis pela Acupuntura.
PRECISO PARAR TRATAMENTOS?
Não. Na maioria das vezes, a associação com outros tratamentos é benéfica.
AS AGULHAS SÃO SEGURAS?
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) obriga usar material descartável. Confira se é!
PODE GERAR COMPLICAÇÕES?
Bem praticada, a Acupuntura é segura. Mas, se realizada por profissionais sem qualificação, pode ser muito danosa.
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A acupuntura funciona em
todos os pacientes?
Não. A acupuntura funciona
em cerca de 70 a 80% dos humanos e animais em que é utilizada. Já o efeito
placebo é observado em aproximadamente 30% dos casos. O fato da acupuntura
não apresentar ação em alguns casos pode ser decorrência de vários fatores.
Além daqueles eventualmente relacionados a um diagnóstico incorreto ou
tratamento inadequado, devemos considerar que indivíduos que apresentam
altos níveis de colecistocinina (CCK) respondem mal à analgesia por acupuntura,
o que leva a crer que, nessas pessoas, outras ações da acupuntura também
estarão prejudicadas. Por outra parte existem evidências de que pessoas
que apresentam baixos de CCK respondem muito bem à analgesia acupuntural.
Experimentos realizados com animais têm demostrado que o uso de substâncias
que antagonizam a CCK contribui para melhorar a resposta à acupuntura
nos indivíduos com níveis elevados de colecistocinina. Também existem
evidências de que a CCK está envolvida no processo de desenvolvimento
de tolerância à acupuntura.Outro fator que precisa ser levado em conta
naqueles pacientes que respondem mal a acupuntura, é uma possível deficiência
genética de receptores de endorfinas a nível da membrana celular das células
nervosas.Finalmente, não se deve esquecer que o uso de determinados fármacos
como corticóides e beta bloqueadores também pode interferir no resultado
do tratamento com acupuntura.
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A acupuntura é um procedimento
doloroso?
Não deve ser. A sensação de dor na
acupuntura geralmente está associada a inserção das agulhas, sendo de
pequena intensidade, rápida e, na maior parte das vezes, imperceptível.
Após a inserção das agulhas, que têm um diâmetro muito pequeno, semelhante
ao de um fio de cabelo, pode ocorrer uma sensação discreta de choque elétrico,
peso ou dolorimento, o que é decorrência da ativação de terminações nervosas
responsáveis pela condução do estímulo da acupuntura.
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Existem evidências científicas
de que a analgesia por acupuntura é mediada por neurotransmissores?
Desde 1977, diferentes pesquisadores
têm demonstrado que a analgesia acupuntural inibe a resposta dos neurônios
do trato espinotalâmico aos estímulos dolorosos. Também ficou demonstrado
que este efeito da acupuntura pode ser revertido pela naloxona, um bloqueador
dos receptores endorfínicos. O progresso das pesquisas realizadas desde
os anos setenta conduziu a nada menos que 17 diferentes linhas de convergência
que suportam a idéia da participação de mecanismos endorfínicos na analgesia
por acupuntura.
As 17 linhas de evidência da
analgesia endorfínica são as seguintes:
- naloxone bloqueia a analgesia provocada
pela acupuntura
- seis antagonistas de opiáceos bloqueiam a analgesia provocada pela acupuntura
- dextro-naloxone não bloqueia a analgesia provocada pela acupuntura
- anticorpos contra endorfinas bloqueiam a analgesia provocada pela acupuntura
- micro-injeção de naloxone bloqueia a analgesia provocada pela acupuntura
- deficiência genética de receptores opióides leva a uma redução da analgesia
acupuntural
- deficiência de endorfinas causa redução da analgesia provocada pela
acupuntura
- as endorfinas aumentam no Líquor e diminuem no cérebro após a analgesia
acupuntural.
- a analgesia provocada pela acupuntura é intensificada quando se evita
a destruição enzimática das endorfinas.
- os efeitos analgésicos da acupuntura podem ser transmitidos por circulação
cruzada.
- a redução das endorfinas da hipófise bloqueia a analgesia provocada
pela acupuntura
- observa-se um incremento no mRNA para pró-encefalina na analgesia causada
pela acupuntura.
- a proteína C-fos aumenta nas áreas endorfínicas do cérebro.
- analgesia acupuntural mostra tolerância cruzada com dependência morfínica.
- analgesia causada pela acupuntura funciona melhor para dor emocional,
como as endorfinas.
- lesões do núcleo arqueado bloqueiam a analgesia causada pela acupuntura
- lesões da substância cinzenta periaquedutal bloqueiam a analgesia causada
pela acupuntura
Todas as evidências mencionadas fornecem
prova convincente de que a analgesia produzida pela acupuntura é um fenômeno
fisiológico conhecido e passível de ser afetado pelo uso de agulhas de
acupuntura e estimulação elétrica.
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Eventualmente
um pequeno vaso sangüíneo pode ser atingido, ocorrendo discreto sangramento
que é fácil e prontamente estancado por simples compressão. Realizada
por médico experiente a acupuntura é, contudo, isenta de riscos. Deste
modo, sangramentos e hematomas ocasionais não devem ser motivo de preocupação,
já que geralmente são superficiais e ocorrem raramente.
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Qual a freqüência do tratamento?
Usualmente as sessões são realizadas
uma vez por semana. Casos agudos podem exigir sessões diárias. Em geral,
a duração e a freqüência do tratamento dependem do diagnóstico e do tempo
de evolução da doença. Quanto mais recente a patologia, mais rápido o
resultado. Algumas doenças respondem mais rapidamente que outras. Exemplo
são as dores músculo esqueléticas sem ocorrência de degeneração estrutural.
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Quais os mecanismos de ação
da acupuntura?
Além do mecanismo energético, as pesquisas demonstram que a acupuntura
estimula terminações nervosas livres mielinizadas do tipo II e III nos
músculos, enviando sinais para o sistema nervoso central, onde são liberados
peptídeos endógenos semelhantes à morfina ( endorfinas). Estes neuro transmissores
causam analgesia bloqueando a propagação dos estímulos dolorosos para
o córtex cerebral, e, consequentemente, impedindo sua percepção pelo cérebro.
No SNC, o estímulo da acupuntura vai promover a analgesia mediante atuação
em três níveis distintos: medular, mesencefálico e hipotalâmico.
Neste último, a acupuntura vai ativar o eixo hipotálamo-hipófise, promovendo
a liberação de beta-endorfina na corrente sangüínea e no LCR. Por sua
vez, a beta-endorfina age sobre diferentes partes do cérebro e medula
espinhal de modo a bloquear a passagem do estímulo doloroso. Um dado importante
é que a liberação de beta-endorfina está correlacionada numa base equimolar
à produção do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), já que os dois têm
um precursor comum. Assim, para cada mol de beta endorfina produzido,
ocorre a liberação de um mol de ACTH, que vai atuar sobre o córtex da
supra renal causando a liberação de cortisol. Neste fato, pode estar a
explicação para a atuação da acupuntura nos processos inflamatórios da
artrite e no broncospasmo associado à asma. O cortisol endógeno é liberado
em quantidades muito reduzidas e finamente reguladas evitando assim os
efeitos colaterais da terapia com corticóides.
A nível do mesencéfalo, são neurônios da substancia cinzenta
periaquedutal que vão liberar endorfinas e estimular neurônios do
trato descendente dorso lateral para produzir serotonina e norepinefrina,
inibindo deste modo o impulso doloroso a nível medular. O terceiro nível
de atuação da acupuntura é a medula espinhal, onde interneurônios
da substancia gelatinosa liberam dinorfina e bloqueiam o impulso doloroso
que se propaga pelas fibras aferentes nociceptivas.
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Existe acupuntura sem agulhas?
Por definição não, já que
a palavra acupuntura é de origem latina e significa literalmente punção
com agulhas. No entanto, os pontos de acupuntura podem ser estimulados
por pressão, calor ou eletricidade. De modo que, procedimentos tradicionais
como as ventosas, as massagens e a moxabustão, ou modernos, como a estimulação
dos pontos com raios laser, podem ser usados na prática da Medicina Tradicional
Chinesa.
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Como é uma sessão de acupuntura?
Na primeira consulta o médico
busca estabelecer um diagnóstico clinico, nosológico e acupuntural,
abarcando os conhecimentos da medicina contemporânea e da Medicina
Tradicional, lançando mão de uma minuciosa anamnese, exame
clínico e solicitando os exames complementares que se fizerem necessários.
Seleciona os pontos (prescrição) de acordo com o diagnóstico,
orientando ou associando a outros métodos de acordo com o diagnóstico
e prognóstico realizados. Após a limpeza da pele, as agulhas
descartáveis são inseridas de forma indolor e deixadas no
local, sendo retiradas após vinte a trinta minutos. Durante o período
em que as agulhas estão inseridas, o médico pode também
associar um estímulo elétrico às agulhar e recomenda-se
ao paciente não se mover bruscamente, evitando que haja algum desconforto
ou complicação. As sessões posteriores podem ser
iguais ou ter os pontos modificados, de acordo com a evolução
de cada caso em particular.
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Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia
versão impressa ISSN
1809-9823
Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. v.10 n.1 Rio de Janeiro 2007
Acupuntura, especialidade multidisciplinar: uma opção nos serviços públicos aplicada aos idosos Acupuncture, multidisciplinary specialty: an option in public services designed for the elderly
Ana Luzia Batista de Góis*
Resumo
Tendo
em vista a indicação de modalidades multidisciplinares como forma
eficaz de atendimento e o aumento da utilização da acupuntura nos
serviços de saúde no Brasil, o presente estudo teve como objetivo
contribuir para o conhecimento da acupuntura e ampliação do seu uso
na rede pública. Utilizou-se o método de revisão de literatura,
realizando-se uma coleta de dados nos prontuários dos pacientes
atendidos pelos acupunturistas de formação multidisciplinar do
Instituto Municipal de Medicina Física Oscar Clark, no Rio de Janeiro,
a fim de que a prática profissional pudesse contribuir para o melhor
desenvolvimento do mesmo. Resultados: a idade se concentrou entre 60 e
80 anos (61%); a maior freqüência entre as doenças ou queixas
encaminhadas coube às algias (39%); quanto à melhora com o tratamento
ministrado, o maior índice indicou melhora de 26 a 50%. Conclusão: a
acupuntura oferece um bom resultado, inclusive no caso de doenças
crônicas e nos idosos.
Aconselha-se manter a base
filosófica científica dos orientais, exercendo-se a acupuntura de
forma multidisciplinar e livre de disputas por monopólio como
garantia de sua qualidade. Recomenda-se, ainda, sua ampliação nos
demais serviços públicos e nas ações públicas multidisciplinares como
opção eficaz, natural e de baixo custo.
Palavras-chave: acupuntura; doença crônica; idoso; saúde pública
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